O retorno do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ao Brasil, após cumprir uma série de compromissos no continente asiático, coloca em evidência uma das decisões mais importantes que ele havia deixado pendente: a nomeação do novo integrante para o Supremo Tribunal Federal (STF). A cadeira no tribunal foi aberta com a recente aposentadoria do ministro Luís Roberto Barroso, e a expectativa em torno da escolha do sucessor se intensificou nos últimos dias, especialmente após sinais dados pelo mandatário antes de sua viagem.

Antes de se ausentar, o presidente havia sinalizado a membros de seu governo e assessores que a indicação pública recairia sobre o advogado-geral da União, Jorge Messias. Messias é, de fato, o nome mais especulado para assumir a vaga, e é mencionado como alguém que conta com alguma simpatia até mesmo entre figuras da oposição. No entanto, o caminho para a posse não é direto, exigindo que o indicado passe por uma sabatina na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, seguida pela aprovação da maioria dos 81 senadores da Casa Alta.

O plano de indicar Messias ganhou novos contornos após um encontro na véspera da viagem de Lula com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre. Fontes internas sugerem que, se o alinhamento tivesse sido total, a indicação já teria sido formalizada antes da partida presidencial. Nos bastidores, circula a informação de que Alcolumbre defenderia outro nome, o do senador Rodrigo Pacheco, que estaria mantendo esperanças e planejando se reunir com Lula assim que ele aterrissasse no país. O alinhamento com o presidente do Senado é um fator decisivo, pois ele controla o ritmo da sabatina e da votação da proposta.

Existe um precedente histórico que demonstra a influência do presidente do Senado nesse tipo de processo, lembrando a forma como a indicação de André Mendonça foi conduzida durante o mandato anterior. Paralelamente, o governo demonstra interesse na candidatura de Pacheco ao governo de Minas Gerais, o que poderia beneficiar a campanha presidencial de Lula no segundo maior colégio eleitoral do país. Enquanto isso, Lula, ao se despedir da Malásia, indicou que a decisão final seria postergada até que estivesse de volta ao território nacional, mantendo o suspense sobre qual será o nome a ser formalmente apresentado.

A seu favor, a nomeação de Messias é vista como um ativo estratégico, uma vez que ele pertence ao segmento evangélico, no qual a presidência busca ampliar sua base de apoio, conforme indicam reuniões recentes com lideranças religiosas. Mesmo críticos à gestão federal já demonstraram apoio à competência técnica do atual AGU, reforçando a base de sustentação para sua escolha.