Polícia Federal encontra laços do PCC com esfaqueador de Bolsonaro

Polícia Federal encontra laços do PCC com esfaqueador de Bolsonaro

Pouco mais de um mês após o atentado contra Jair Bolsonaro (PSL), a principal linha de investigação da Polícia Federal é que o PCC, atualmente a maior facção criminosa do país, pode estar por trás de Adélio Bispo de Oliveira, o autor confesso da facada. A informação é do jornal O Tempo.


Pessoas próximas ao inquérito nº 503/2018, que apura se o acusado foi ou está sendo ajudado, há indícios “fortíssimos” de que a organização criminosa esteja prestando auxílio ao criminoso. Entre esses indícios estão vínculos de amizades, atividades dos advogados que atendem Adélio, o histórico de personagens envolvidos e até mesmo o discurso adotado por Jair Bolsonaro.


Uma das principais suspeitas dos investigadores recai sobre Klayton Ramos de Souza, o “Veim”, como é chamado pela facção. Ele é amigo de Adélio e os dois se conheceram em Montes Claros, onde nasceram e cresceram. Até este ano, ainda mantinham contato pelas redes sociais. “Veim” tem passagens por homicídio e já cumpriu pena no Presídio Regional de Montes Claros.


Vale lembrar que são três unidades prisionais em Minas Gerais que abrigam membros do PCC: a Nelson Hungria, em Contagem, o Presídio Professor Jacy de Assis, em Uberlândia, e o de Montes Claros. Atualmente, Souza vive em Campinas (SP), cidade apontada como um dos centros de comando da facção.


Antes das investigações, que começaram no início do mês, um outro inquérito foi aberto no dia do atentado e, nele, a PF concluiu que Adélio agiu sozinho no momento do atentado em Juiz de Fora. Dezenas de imagens e denúncias foram enviadas por internautas e analisadas inclusive com a participação da inteligência do Exército, o que impulsionou a abertura de nova apuração pela equipe para verificar se há uma organização atuando junto ao criminoso.


No dia do atentado, uma cena chamou a atenção dos investigadores. Quando Adélio chegou na delegacia após ser preso em flagrante pela facada, o advogado Pedro Augusto de Lima Felipe e Possa já se encontrava na unidade. Inicialmente, o criminoso recusou ser atendido pelo jurista. Possa chegou a tentar convencer Adélio de que havia sido enviado pela mãe do autor da facada, mas Adélio riu: a parente faleceu em 2012. Depois, segundo testemunhas, os dois se reuniram em separado e, então, Possa passou a atuar como defensor no caso.


Além disso, a atuação dos quatro defensores de Adélio também intriga autoridades. Além de Possa, participam da defesa Zanone Manuel de Oliveira Júnior, Marcelo Manoel da Costa e Fernando Costa Oliveira Magalhães. Na semana retrasada, os quatro foram intimados pela investigação, mas nenhum compareceu.


O histórico de clientes de Magalhães é citado na investigação: ele defendeu pelo menos três membros do PCC condenados em Minas nos últimos anos: Anderson Francisco Ferreira Pereira, André Luiz Pereira, conhecido como “Dezinho”, e José Geraldo Soares dos Santos Júnior, o “Vá”. Quem encabeça a defesa de Adélio é Zanone Manuel de Oliveira Júnior, conhecido por atuar em casos de repercussão – ele defendeu Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, amigo do goleiro Bruno e condenado por matar Eliza Samúdio. Sobre ele recai dúvidas com relação a duas empresas em seu nome que estão sob a mira da Receita Federal. Um hotel e uma locadora de veículos. Não há indícios de crimes nos estabelecimentos, mas esse tipo de comércio, segundo especialistas, aparece com frequência em casos de lavagem de dinheiro.


Defensores negam


O advogado Fernando Magalhães disse que as suspeitas são absurdas. “Os três clientes citados nem sequer sabem da existência um do outro. Nenhum deles conhece o Adélio, além de negarem ser integrantes de qualquer facção”, declarou.

Magalhães negou ser advogado do PCC e afirmou que “eventualmente” pega “clientes ditos de facção”.

Já Zanone Júnior negou irregularidades em suas empresas. “Vão revirar minha vida de cabeça pra baixo, porque estou advogando pra ele (Adélio)”.

Zanone afirmou também que o não comparecimento dos advogados na PF foi por ordem da OAB. “A intimação era para saber quem estava pagando a gente. A OAB não deixou a gente ir, porque é um código de ética, a OAB ameaçou abrir um processo ético-disciplinar caso a gente revelasse alguma coisa”, explicou. A reportagem não conseguiu contato com Pedro Possa.


Fonte: Jornal O Tempo

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