O governo de Minas Gerais pretende leiloar, em 2025, cerca de três mil quilômetros de rodovias estaduais, entregando à iniciativa privada a administração de estradas essenciais. A medida, que deve dobrar o total de rodovias concedidas no estado, evidencia a falta de capacidade do governo estadual em gerir e investir na manutenção e ampliação da malha viária, transferindo os custos para os usuários por meio da criação de novas praças de pedágio.
Entre os lotes previstos, o primeiro será o de Ouro Preto, ligando Nova Lima a Rio Casca, com 187,3 km e 11 municípios incluídos. Esse trecho, além de prever um aumento significativo no número de pedágios, também depende de recursos do acordo bilionário firmado após a tragédia de Mariana, demonstrando a fragilidade do Estado em assumir melhorias estruturais sem apoio externo.
Outros lotes incluem o Vetor Norte, que abrange 123,4 km em 13 cidades, como Belo Horizonte e Sete Lagoas, com estimativa de R$ 3 bilhões em investimentos, e o lote Zona da Mata, o maior, que soma 1.176 km e deve criar pedágios ao longo de 47 municípios. No total, o governo espera atrair R$ 19 bilhões em investimentos privados, já que o Tesouro estadual não possui condições de financiar tais obras.
Especialistas alertam que a concessão em massa pode trazer ônus significativos à população, com tarifas de pedágio que encarecem o transporte e dificultam o deslocamento de trabalhadores e empresários locais. Atualmente, Minas já conta com seis lotes concedidos, que somam R$ 17 bilhões em investimentos, mas enfrentam críticas frequentes por cobranças abusivas e qualidade insuficiente nos serviços prestados.
Desde o início do governo Romeu Zema (Novo), a política de concessões se tornou central para compensar o endividamento crônico do Estado e a ausência de recursos para investimentos diretos. No entanto, para muitos, a estratégia transfere o ônus da precariedade fiscal para os cidadãos, que são obrigados a pagar por serviços básicos que deveriam ser assegurados pelo governo.
Com a previsão de aumento expressivo nas praças de pedágio, moradores de regiões afetadas temem que o custo de deslocamento se torne insustentável, enquanto as promessas de modernização da malha rodoviária ainda carecem de resultados concretos.