A decisão da Procuradoria-Geral da República (PGR) de não incluir o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), no inquérito que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado no fim do governo Jair Bolsonaro (PL) provocou debates no cenário político. O pedido havia sido apresentado pela bancada feminista do PSOL, que exigia a investigação do governador após seu nome constar em uma lista de visitantes ao Palácio da Alvorada em 19 de novembro de 2022, data em que, supostamente, houve uma reunião para discutir um plano de golpe.
Em manifestação protocolada nesta segunda-feira (13), o procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou que a queixa não apresenta "elementos objetivos e inequívocos" que justifiquem a inclusão de Tarcísio no inquérito. Gonet destacou que o relatório não aponta a presença do governador na suposta reunião nem sua participação em qualquer articulação relacionada.
A bancada feminista do PSOL, no entanto, criticou a decisão, alegando que a exclusão do nome de Tarcísio enfraquece a investigação e reforça uma "blindagem política" em torno de figuras públicas alinhadas ao governo Bolsonaro. "O histórico de visitas ao Alvorada durante aquele período não pode ser ignorado, especialmente diante das graves consequências das tentativas antidemocráticas que culminaram nos atos de 8 de janeiro", afirmou uma das parlamentares do grupo.
Por outro lado, aliados do governador afirmam que o pedido do PSOL é infundado e tem motivações puramente políticas. "Não há provas nem qualquer fato concreto que ligue o governador a esse tipo de conduta. Tarcísio é um homem público comprometido com a legalidade", declarou um parlamentar próximo ao chefe do Executivo paulista.
A decisão da PGR ocorre em um momento de tensões sobre a responsabilidade de líderes políticos em episódios que ameaçaram a democracia brasileira, como os atos antidemocráticos de 8 de janeiro. Até o momento, o Supremo Tribunal Federal (STF) também não indicou que tomará qualquer providência adicional relacionada ao caso.
A polêmica reacende o debate sobre a transparência e a imparcialidade em investigações envolvendo figuras de destaque na política nacional. Enquanto isso, as atenções se voltam para os desdobramentos de outros inquéritos ligados ao período conturbado da transição de governo.