Enquanto Ipatinga ainda lida com as consequências da tragédia causada pelas fortes chuvas, que resultaram na morte de 10 moradores, a Câmara Municipal aprovou, nesta segunda-feira (20), um polêmico aumento salarial para os cargos de Chefe de Gabinete do Prefeito e Consultor-Geral. O reajuste, aprovado por 16 votos a favor e dois contra, eleva os vencimentos de R$ 8.957,50 para R$ 12.376,74, gerando um impacto anual de R$ 116.379,99 no orçamento municipal.
O projeto de lei, enviado pelo Executivo, reclassifica os cargos para o Grupo I do Anexo II da Lei Municipal nº 3.949/2019, equiparando-os ao status de secretários municipais. Segundo a justificativa oficial, a medida busca reforçar a articulação política, mas a aprovação ocorre em um momento de grande fragilidade para o município, onde dezenas de famílias estão desabrigadas e enfrentam a falta de recursos básicos após enchentes devastadoras.
A tragédia que assolou a cidade na semana passada deixou bairros inteiros alagados e destruiu casas, deixando centenas de pessoas sem abrigo. Moradores afetados ainda aguardam assistência integral, enquanto a Defesa Civil e voluntários tentam atender às demandas urgentes, como fornecimento de água potável, alimentos e medicamentos.
O contraste entre o aumento de salários e a crise humanitária enfrentada pela população gerou indignação em parte da sociedade local. Muitos apontam que os recursos destinados ao reajuste poderiam ser empregados na reconstrução das áreas atingidas ou no auxílio emergencial às vítimas.
A medida reacende o debate sobre as prioridades da gestão pública, especialmente em momentos de calamidade. Enquanto a cidade tenta se reerguer, a aprovação do aumento salarial gera questionamentos e críticas sobre a sensibilidade dos representantes eleitos em relação às demandas mais urgentes da população.