As polícias do Espírito Santo e de Minas Gerais estão investigando fraudes em pedidos de indenizações relacionados ao rompimento da barragem da Samarco, ocorrido em 5 de novembro de 2015, em Mariana (MG). A tragédia ambiental, que liberou milhões de toneladas de lama no Rio Doce, afetou cidades mineiras e capixabas, e as indenizações para reparação dos danos têm sido alvo de fraudes por parte de pessoas que alegaram ter sido atingidas sem, de fato, terem esse direito.
Nesta quinta-feira (30), o Ministério Público do Espírito Santo (MPES) coordenou mais uma fase da Operação Abutres II, que investiga os casos de fraude. Foram cumpridos três mandados de busca e apreensão em Baixo Guandu, no Noroeste do Espírito Santo, e em Aimorés, no Leste de Minas Gerais. O objetivo foi coletar documentos, computadores, mídias e outros materiais que possam auxiliar nas investigações.
A operação contou com a participação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO-Norte) e da Promotoria de Justiça de Linhares, além do apoio da Assessoria Militar do MPES e do GAECO do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). Sete agentes do Núcleo de Inteligência da Assessoria Militar do MPES, quatro agentes do GAECO de Ipatinga (MG) e três militares da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) também participaram dos trabalhos.
As investigações, que correm em segredo de Justiça, apuram fraudes em requerimentos de indenizações apresentados à extinta Fundação Renova por meio do Sistema Indenizatório Simplificado (Novel), criado para reparar as vítimas do desastre. Segundo o MPES, os fraudadores apresentaram documentos falsos para ter acesso a indenizações, aproveitando-se da tragédia que causou mortes e destruição.
O nome da operação faz referência aos abutres, aves de rapina que se alimentam de carcaças de animais mortos. O MPES explica que a escolha do nome simboliza indivíduos que buscam se beneficiar de uma tragédia marcada por perdas humanas e danos ambientais.
O rompimento da barragem da Samarco, controlada pela Vale e BHP Billiton, é considerado um dos maiores desastres ambientais do Brasil. A lama de rejeitos atingiu o Rio Doce e seus afluentes, causando impactos ambientais, sociais e econômicos que persistem até hoje. A reparação dos danos, que já dura 10 anos, inclui indenizações para as vítimas diretas e ações de recuperação ambiental.
A Operação Abutres II reforça a necessidade de combater fraudes que desviam recursos destinados às vítimas reais da tragédia. As investigações continuam, e novos desdobramentos devem surgir à medida que os materiais apreendidos forem analisados.
Enquanto isso, as comunidades atingidas pelo desastre seguem aguardando justiça e a completa reparação dos danos causados pela lama da Samarco. A operação é um alerta para que os recursos destinados à reparação sejam utilizados de forma correta e transparente, beneficiando aqueles que realmente foram afetados pela tragédia.