O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, renovou suas ameaças aos países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) nesta quinta-feira (30), afirmando que imporá tarifas de 100% sobre importações provenientes desses países caso continuem buscando alternativas ao dólar americano. Em uma postagem na plataforma Truth Social, Trump declarou que os Estados Unidos exigirão um compromisso dos membros do Brics para não criarem uma nova moeda ou apoiarem qualquer sistema que possa substituir o dólar.
“Vamos exigir que esses países, que parecem ser hostis, se comprometam a não criar uma nova moeda nem apoiar qualquer outra que possa substituir o forte dólar americano. Caso contrário, enfrentarão tarifas de 100% e perderão o acesso ao mercado da grande economia dos EUA”, escreveu Trump.
A ameaça de Trump surge em um momento em que os países do Brics têm explorado alternativas ao dólar, buscando maior autonomia financeira e reduzindo a dependência da moeda americana em transações internacionais. O bloco tem discutido a criação de uma moeda comum ou o uso de moedas locais em negociações comerciais, o que poderia desafiar a hegemonia do dólar no sistema financeiro global.
Trump classificou essas iniciativas como “hostis” e afirmou que os Estados Unidos não tolerarão qualquer tentativa de minar a posição do dólar como moeda de reserva global. A imposição de tarifas de 100% teria um impacto significativo nas economias dos países do Brics, que dependem do acesso ao mercado norte-americano para exportar produtos como commodities, manufaturados e tecnologia.
A aplicação de tarifas tão elevadas poderia desencadear uma guerra comercial, com os países do Brics adotando medidas de retaliação contra os Estados Unidos. Especialistas alertam que esse cenário prejudicaria as cadeias de abastecimento globais, aumentaria os custos para consumidores e empresas e geraria instabilidade no comércio internacional.
Além disso, a medida pode acelerar os esforços dos países do Brics para diversificar seus mercados e fortalecer parcerias comerciais com outras regiões, como a União Europeia, o Sudeste Asiático e a África. A busca por alternativas ao dólar também pode impulsionar o uso de moedas digitais e criptomoedas, como o Bitcoin, que recentemente superou a marca de US$ 80 mil, refletindo o interesse de investidores em ativos fora do sistema tradicional.
As ameaças de Trump têm sido acompanhadas de perto por observadores internacionais, que veem nas políticas comerciais dos Estados Unidos um reflexo da competição geopolítica e econômica com a China e outros membros do Brics. A imposição de tarifas pode fortalecer a cooperação entre os países do bloco, que já discutem a criação de um sistema financeiro alternativo para reduzir a influência dos Estados Unidos.
Enquanto isso, o dólar continua a desempenhar um papel central no comércio global, mas sua hegemonia tem sido questionada diante da ascensão de novas potências econômicas e da busca por maior independência financeira. As ações de Trump destacam a complexidade das relações comerciais no século XXI e os desafios de manter a estabilidade em um cenário de crescente multipolaridade.
Agora, os países do Brics devem avaliar suas estratégias diante das ameaças dos Estados Unidos, buscando equilibrar a necessidade de autonomia financeira com os riscos de uma guerra comercial. O desfecho desse embate pode redefinir as regras do comércio global e o papel do dólar no sistema financeiro internacional.