O deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) e o senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) foram eleitos, neste sábado (1º), presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, respectivamente, para os próximos dois anos. Ambos confirmaram o favoritismo e venceram com ampla vantagem em eleições marcadas por discursos em defesa das prerrogativas parlamentares e pela busca de harmonia entre os Poderes.
Hugo Motta, de 35 anos, recebeu 444 dos 513 votos na Câmara, tornando-se o mais jovem presidente da Casa na história. Já Davi Alcolumbre obteve 73 dos 81 votos no Senado, a terceira maior votação desde a redemocratização. O senador do Amapá retorna ao cargo após ter presidido a Casa entre 2019 e 2021.
As eleições transcorreram de forma atípica, sem a intensa disputa que marcou os pleitos recentes. A última vez em que as duas Casas do Congresso elegeram seus presidentes sem grandes conflitos foi em 2003, no primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Tanto Hugo Motta quanto Alcolumbre costuraram alianças que abrangeram desde o PT de Lula até o PL de Jair Bolsonaro. Após a eleição, Alcolumbre recebeu ligações de ambos os ex-presidentes, que o parabenizaram pela vitória.
Em seus discursos, os novos presidentes defenderam a autonomia do Legislativo e criticaram o que consideram interferências excessivas do Supremo Tribunal Federal (STF). Alcolumbre afirmou que é essencial respeitar as decisões judiciais, mas também garantir que o Congresso exerça seu papel constitucional de legislar e representar o povo.
O senador citou a disputa em torno das emendas parlamentares como um "desafio" e cobrou o cumprimento de acordos para evitar conflitos entre os Poderes. Hugo Motta, por sua vez, destacou a importância da imunidade parlamentar e afirmou que um Parlamento forte é fundamental para barrar possíveis abusos de poder.
Alcolumbre sinalizou que trabalhará "lado a lado" com o governo Lula, respeitando a agenda eleita nas urnas. Ele afirmou que nenhum senador tem autoridade para atrapalhar a agenda do Executivo. Já Hugo Motta enviou recados ao governo, cobrando estabilidade econômica e alertando para o risco de "caos social" caso as políticas públicas não sejam eficazes.
O presidente Lula parabenizou os eleitos em nota oficial, destacando que "um país cresce quando as instituições trabalham em harmonia". Ele expressou confiança em uma parceria produtiva entre Executivo e Legislativo.
Davi Alcolumbre, mesmo fora da presidência do Senado nos últimos quatro anos, manteve influência na Casa por meio de seu sucessor, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Ele foi um dos principais defensores das emendas de comissão, mecanismo que distribui recursos a parlamentares aliados.
Hugo Motta, por sua vez, foi indicado por Arthur Lira (PP-AL), que encerrou seu mandato de quatro anos na Câmara. O deputado paraibano é visto como conciliador e habilidoso nas negociações, com boa relação tanto com o centrão quanto com o governo.
A eleição de Hugo Motta e Davi Alcolumbre reforça o papel do centrão no Congresso e sinaliza uma possível melhora na relação entre o Legislativo e o Executivo. Enquanto Alcolumbre prometeu apoio à agenda do governo, Hugo Motta destacou a necessidade de um Parlamento forte e independente.
Os novos presidentes assumem em um momento de desafios econômicos e políticos, com a expectativa de que o Congresso trabalhe em conjunto com o governo para enfrentar as crises e avançar em reformas necessárias ao país.