Em um cenário de apreensão e incertezas, brasileiros deportados dos Estados Unidos desembarcaram no Aeroporto de Confins, na Grande BH, neste sábado (15), trazendo relatos de medo e tensão vividos por aqueles que residem ilegalmente em território norte-americano. Hélio Gomes da Silva, um dos deportados, que viveu por três anos na Carolina do Sul, descreveu o clima de terror que assola a comunidade brasileira nos EUA. "Tenso, tenso. Todo mundo está com medo de sair de casa para trabalhar e ser deportado", revelou Hélio, que foi detido em sua residência por agentes de imigração, deixando para trás esposa e três filhos.
José Maria Ferreira Costa, outro deportado, compartilhou experiências angustiantes sobre sua detenção e o tratamento recebido durante o voo de repatriação. "Tá um inferno, estão pegando de tudo quanto é jeito, empurrando para as prisões", desabafou José, que foi detido ao tentar entrar ilegalmente nos Estados Unidos e permaneceu preso por quatro meses. Ele também relatou o uso de algemas durante o voo até o Brasil, prática comum do governo norte-americano, que as retira apenas quando a aeronave pousa em território brasileiro.
A chegada deste voo marca o quarto grupo de deportados a desembarcar no Aeroporto de Confins desde o início do governo Trump, totalizando 420 repatriados. Em 2025, já são 534 brasileiros que retornaram ao país após serem deportados dos Estados Unidos. Entre os deportados deste sábado, dois foram detidos pela Justiça em Fortaleza, um por mandado de prisão em aberto no Brasil e outro por integrar a lista de difusão vermelha da Interpol, ambos com histórico criminal. O voo, que partiu do Aeroporto Alexandria, em Lousiana, com escala em San Juan, Porto Rico, transportou 76 deportados até Confins.