Em Araxá, Minas Gerais, uma operação fiscal do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) identificou 22 trabalhadores em condições análogas à escravidão, prestando serviços no Centro de Distribuição e Apoio do Grupo Zema. A ação, realizada em fevereiro, envolveu auditores fiscais do trabalho, procuradores do Ministério Público do Trabalho e policiais rodoviários federais. Os trabalhadores eram motoristas da empresa Cidade das Águas Transportes, responsável pelo transporte de móveis e eletrodomésticos para as lojas do Grupo Zema.
O relatório da inspeção do MTE classificou a situação dos trabalhadores como análoga à escravidão devido às jornadas exaustivas, que chegavam a 19 horas diárias. Segundo o auditor fiscal do trabalho responsável pela ação, o Grupo Zema, mesmo terceirizando o serviço de transporte, mantinha uma relação próxima com a Cidade das Águas, exercendo influência sobre as rotas e prazos de entrega. A fiscalização constatou diversas irregularidades nas jornadas, como a ausência do intervalo mínimo de descanso e refeição, além da prorrogação excessiva da jornada diária.
Relatos dos trabalhadores incluídos no relatório de fiscalização detalham as condições precárias, como almoçar na boleia do caminhão e dormir no veículo. Um dos motoristas mencionou jornadas de até 26 horas seguidas e a ausência de depósito do FGTS. A Cidade das Águas, por sua vez, nega as violações e alega ter sido impedida de exercer seu direito de defesa durante o processo de fiscalização. Uma liminar obtida pela empresa chegou a suspender as medidas do MTE, mas perdeu a validade em março, e a rescisão dos contratos e o pagamento das verbas rescisórias estão previstos para abril.
resumo
Uma operação do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) em Araxá, Minas Gerais, flagrou 22 motoristas da transportadora Cidade das Águas, que presta serviços ao Grupo Zema, em condições análogas à escravidão. As jornadas exaustivas, chegando a 19 horas diárias, a ausência de descanso e refeição adequados, e relatos de trabalhadores sobre longas horas de trabalho e condições precárias levaram à autuação da empresa. Apesar da terceirização do serviço, o Grupo Zema, cujo conselho inclui o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, tinha conhecimento e influência sobre as operações de transporte. A empresa Cidade das Águas nega as irregularidades e buscou judicialmente suspender as ações do MTE, mas a liminar perdeu a validade. A rescisão dos contratos e o pagamento das verbas rescisórias estão programados. Minas Gerais lidera o ranking nacional de casos de trabalho análogo à escravidão.
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