Uma operação conjunta da Polícia Federal, do Ministério do Trabalho e Emprego e do Ministério Público do Trabalho resultou na libertação de dois cidadãos uruguaios que foram vítimas de aliciamento por uma rede de tráfico de pessoas. As vítimas foram encontradas na cidade de Planura, localizada no Triângulo Mineiro, após serem enganadas com falsas promessas de emprego e submetidas a condições de trabalho análogas à escravidão.
A denúncia que deflagrou a operação foi recebida através do Disque 100, relatando o cárcere privado de uma das vítimas, forçada a realizar trabalhos domésticos e serviços em um estabelecimento comercial sem receber qualquer tipo de remuneração. Adicionalmente, a denúncia ao MPT apontava para a ocorrência de agressões físicas e verbais, isolamento social, retenção de documentos e restrição de liberdade, além de possíveis abusos psicológicos e sexuais, com indícios de que tais violências se estendiam por anos.
As investigações da Operação Novo Amanhã revelaram que os suspeitos utilizavam plataformas online para abordar pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica e afetiva, oferecendo falsamente trabalho, moradia e acolhimento. As abordagens tinham como foco principal membros da comunidade LGBTQIAPN+. Durante a operação, três indivíduos foram presos em flagrante sob a acusação de submeter um cidadão uruguaio, homossexual, a condições degradantes de trabalho e restrição de liberdade. Segundo o MPT, a vítima trabalhava sem pagamento há mais de oito anos, recebendo apenas moradia e alimentação. Foram identificadas marcas de agressões físicas, confirmadas por testemunhas, e há indícios de outras formas de violência, incluindo exploração sexual e extorsão. A equipe do MTE constatou que a vítima foi coagida a tatuar as iniciais dos patrões como um símbolo de posse. Uma semana após a primeira ação, outra vítima da mesma rede foi identificada: uma mulher transexual, também uruguaia, que havia sido levada ao local com falsas promessas e inserida em um vínculo de trabalho doméstico informal, chegando a sofrer um acidente vascular cerebral durante o período em que trabalhou na residência dos empregadores. Atualmente, as vítimas estão recebendo acolhimento nas Clínicas de Enfrentamento ao Trabalho Escravo da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e do Centro Universitário Presidente Antônio Carlos (UNIPAC), onde recebem assistência médica, psicológica e jurídica.