Uma declaração do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), acendeu o debate sobre possíveis motivações políticas em ações de fiscalização. Zema insinuou que a presença da Polícia Federal na empresa de sua família em fevereiro deste ano teria sido orquestrada pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com vistas às eleições de 2026. Segundo o governador, sete viaturas da PF, acompanhadas pelo Ministério do Trabalho, estiveram no local, algo inédito nos mais de 100 anos de história da companhia. Ele questionou o momento da operação, que ocorreu durante o mandato do atual governo federal, e sugeriu um viés político por trás da fiscalização, embora sem apresentar provas concretas para fundamentar a alegação.
Contrariando a narrativa do governador, o Ministério do Trabalho de Minas Gerais, através de seu superintendente Carlos Calazans, negou categoricamente qualquer fiscalização direta nas Lojas Zema. Calazans esclareceu que a operação, que contou com o apoio de seis agentes da Polícia Rodoviária Federal, de fato ocorreu, mas em uma transportadora terceirizada que presta serviços ao Grupo Zema, na cidade de Araxá. O motivo da ação foi uma denúncia de trabalho análogo à escravidão, que resultou na descoberta de 22 trabalhadores em condições de jornada exaustiva. A operação foi paralisada por uma decisão judicial, mas o processo segue em andamento, e a empresa terceirizada pode ser incluída na "lista suja" de trabalho escravo.
O superintendente Carlos Calazans refutou veementemente a declaração de Zema, classificando-a como "não verdadeira" e uma tentativa de se apresentar como vítima de perseguição política. Ele enfatizou a seriedade e o rigor das fiscalizações conduzidas pelo Ministério do Trabalho, que atuam em defesa dos direitos dos trabalhadores e não são motivadas por questões político-partidárias. O governo de Minas Gerais, por sua vez, informou que, por se tratar de um assunto de cunho pessoal, o governador deveria se manifestar como "pessoa física". Até o momento, a Polícia Federal e o Grupo Zema não emitiram posicionamento oficial sobre o ocorrido.
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