Em diversas culturas ao redor do mundo, o casamento entre primos é uma prática culturalmente enraizada e aceita. Contudo, essa tradição tem sido objeto de intenso debate, especialmente em nações como o Reino Unido, onde são levantadas preocupações sobre saúde pública e coesão social. A discussão abrange desde as raízes culturais da prática até suas implicações médicas e sociais, à luz de novas descobertas científicas.
Historicamente, a união entre primos foi comum em várias sociedades, inclusive na aristocracia europeia do século XIX, com figuras notáveis como Charles Darwin e a rainha Vitória casando-se com primos de primeiro grau. Entretanto, o avanço da genética levantou questões sobre os riscos associados a esses casamentos, particularmente no que tange à saúde dos descendentes. Estudos científicos atuais revelam que filhos de casais consanguíneos apresentam uma maior probabilidade de herdar doenças genéticas recessivas. Isso se deve à maior chance de transmissão de condições genéticas quando ambos os pais compartilham genes semelhantes. Uma pesquisa realizada em Bradford, no Reino Unido, mostrou que crianças de pais primos tiveram uma incidência mais elevada de problemas de saúde, como transtornos de fala e linguagem, além de um número maior de consultas médicas.
Os pesquisadores de Bradford ressaltaram que, mesmo desconsiderando fatores socioeconômicos, a consanguinidade por si só representa um risco considerável para a saúde infantil. Essa constatação impulsionou um debate sobre a necessidade de políticas públicas para lidar com esses riscos, seja por meio de aconselhamento genético ou até mesmo pela proibição do casamento entre primos. Recentemente, países como Noruega e Suécia optaram por proibir o casamento entre primos, invocando preocupações com a saúde pública e a coesão social. Nesses países, legisladores argumentam que a prática está vinculada a casamentos forçados e à violência baseada na honra, problemas que afetam predominantemente mulheres de comunidades imigrantes. No Reino Unido, a proposta de proibição também foi debatida, mas encontrou resistência, com o governo preferindo focar no aconselhamento genético e na educação dos casais sobre os riscos e a importância de avaliações médicas durante a gravidez. A educação genética, além de prevenir problemas de saúde, promove a integração social, capacitando as comunidades a tomar decisões informadas sobre seus relacionamentos.
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