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Bonecos com certidão e teste do pezinho: artesã mineira vende 100 bebês reborn por ano

A fascinação pelos bebês reborn: arte, mercado e impacto emocional

26/05/2025 às 08h27
Por: Redação
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Bonecos com certidão e teste do pezinho: artesã mineira vende 100 bebês reborn por ano

Bonecos hiper-realistas que imitam recém-nascidos, os chamados bebês reborn, estão conquistando o Brasil e ganhando destaque nas redes sociais. Com uma riqueza de detalhes que inclui certidão de nascimento, ultrassom, teste do pezinho e até a marca da vacina BCG, essas criações minuciosas não apenas encantam, mas também provocam discussões sobre seus efeitos emocionais.

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Em Juiz de Fora, Minas Gerais, a artesã Priscila de Andrade se consolidou como uma das principais produtoras desses bonecos. Sua jornada no universo reborn teve início há uma década, impulsionada por um pedido de sua filha, Maytê, que na época tinha 6 anos. O que começou como uma atividade de lazer transformou-se em um empreendimento de sucesso, com Priscila aprendendo de forma autodidata a criar cada bebê, aplicando camadas de tinta, implantando fios de cabelo e utilizando materiais que muitas vezes são importados. A complexidade do processo e a atenção aos detalhes resultam em preços que variam entre R$ 1.320 e R$ 2.100 por unidade.

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Com uma produção anual de cerca de 100 bebês, Priscila experimenta um aumento significativo na demanda durante o período de fim de ano, especialmente no Natal, chegando a criar 40 bonecos sozinha em uma única temporada festiva. Embora 60% de suas vendas sejam para clientes da Zona da Mata mineira, incluindo cidades como Barbacena, Ubá e Leopoldina, seus bebês reborn já foram enviados para estados distantes como Acre e Maranhão. A artesã garante que cada boneco é único, com acabamento feito inteiramente à mão. Os kits que ela oferece são completos, incluindo enxoval, chupeta e mantas, além dos documentos simbólicos. Recentemente, Priscila também introduziu opções mais acessíveis, visando democratizar o acesso a esses produtos, sem comprometer a experiência que eles proporcionam.

Priscila encara os bebês reborn como uma forma de arte lúdica, e a maioria de seus clientes são colecionadores ou entusiastas desse universo. Ela argumenta que o julgamento sobre quem sai com os bonecos em público é fruto de preconceito, reforçando que, em sua essência, “é só um brinquedo”. No entanto, a crescente popularidade desses bonecos também impulsionou debates sobre sua relação com a saúde mental. A psicóloga Valéria Figueiredo aponta que o apego a esses bonecos pode estar ligado a experiências emocionais intensas, como luto, infertilidade ou a síndrome do “ninho vazio”.

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A especialista explica que os reborns podem desempenhar um papel terapêutico em diversas situações, como no estímulo a pacientes com Alzheimer, oferecendo companhia a pessoas em situação de solidão e proporcionando apoio emocional em instituições de longa permanência para idosos. Contudo, a psicóloga enfatiza a importância de monitorar o uso quando o vínculo com o boneco começa a interferir nas interações sociais ou na rotina diária do indivíduo. Segundo Valéria, “quando o vínculo com o boneco impede interações reais, pode indicar sofrimento psíquico. O reborn deve servir como apoio, não como substituto de relações humanas.” A dedicação de Priscila na criação de seus bebês reborn, aliada à entrega personalizada, continua a encantar e a gerar curiosidade, demonstrando o poder da arte e da sensibilidade no dia a dia.

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