Zema viaja a El Salvador com comitiva custeada pelo Estado para conhecer modelo de segurança do ditador Bukele
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, embarca na próxima semana para uma missão internacional em El Salvador, acompanhado por uma comitiva de sete pessoas. A viagem, que será custeada com recursos públicos, tem como objetivo avaliar as políticas de segurança pública do ditador salvadorenho Nayib Bukele, que comanda o país sob um regime de exceção desde 2022.
Pré-candidato à presidência da República em 2026, Zema será acompanhado por dois secretários de Estado e integrantes da equipe de comunicação do governo. Estão na comitiva os secretários de Comunicação Social e de Justiça e Segurança Pública, além do superintendente de Relações Nacionais e Internacionais da Casa Civil e três assessores de imprensa.
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O decreto estadual que regulamenta esse tipo de missão prevê diárias de US$ 400 para o governador (cerca de R$ 2,2 mil), US$ 350 para secretários (R$ 1,9 mil) e US$ 300 para servidores (R$ 1,7 mil). Apesar disso, o governo de Minas ainda não revelou o valor total da viagem nem justificou de forma clara o interesse público da ação.
Durante a estadia, a comitiva mineira visitará o Centro de Confinamento do Terrorismo, presídio de segurança máxima em Tecoluca, que é símbolo do programa repressivo de Bukele. O modelo adotado pelo mandatário tem sido amplamente criticado por entidades de direitos humanos, como a Anistia Internacional, que denuncia prisões sem ordem judicial, tortura e detenções arbitrárias sob justificativas frágeis.
Zema, no entanto, exaltou o sistema de segurança salvadorenho, classificando-o como “talvez o mais bem-sucedido da história da humanidade” e destacando a queda de 98% na criminalidade. O governador também aproveitou para criticar propostas do governo Lula relacionadas à segurança pública, reforçando sua defesa por legislações penais distintas entre os estados.
A aproximação com o estilo autoritário de Bukele ocorre em meio à tentativa de Zema de se consolidar como nome da direita para a disputa presidencial de 2026, mirando o eleitorado do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele disputa esse espaço com outros governadores de perfil conservador, como Tarcísio de Freitas, Ronaldo Caiado e Ratinho Júnior.
O Palácio Tiradentes foi questionado sobre os custos e objetivos detalhados da missão, mas não se manifestou até o momento. O espaço permanece aberto para esclarecimentos futuros.