Nos bastidores do poder em Brasília, uma intensa disputa política coloca em lados opostos o senador Davi Alcolumbre e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Alcolumbre, que foi o principal fiador da indicação de Silveira para o cargo no início do governo, agora articula ativamente para removê-lo da pasta, evidenciando uma crise significativa na base aliada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A manobra revela um racha entre antigos aliados e expõe a complexidade das relações de poder que sustentam a atual Esplanada dos Ministérios.
A tensão entre os dois veio à tona durante as negociações de pautas econômicas no Congresso, como a Medida Provisória do IOF. Conforme apurações, Alcolumbre estaria usando seu capital político para barganhar apoio em troca de vantagens que fortaleceriam sua posição e, consequentemente, facilitariam a queda de Silveira. A origem do desentendimento estaria na crescente autonomia do ministro e em sua aproximação direta com o presidente Lula e a primeira-dama Janja da Silva, o que teria desagradado seu antigo padrinho político, que via sua influência sobre a pasta diminuir.
Apesar da forte ofensiva de Alcolumbre, a permanência de Silveira no cargo encontra respaldo no Palácio do Planalto. O presidente Lula tem se mostrado satisfeito com a gestão do ministro à frente de temas estratégicos, como os ligados à Petrobras e ao setor elétrico. Além disso, a simpatia declarada da primeira-dama pelo trabalho de Silveira e o suposto apoio de figuras influentes do empresariado, como Joesley Batista, criam uma barreira de proteção que dificulta as investidas do senador.
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Este embate transcende uma simples troca de comando ministerial e lança luz sobre as fragilidades da coalizão governista. A tentativa de Alcolumbre de minar um ministro que ele mesmo ajudou a empossar demonstra como as alianças em Brasília são fluidas e como os interesses individuais podem se sobrepor à coesão do governo. Enquanto a disputa segue em aberto, o episódio serve como um termômetro das pressões e dos reaisinhamentos de força dentro da base aliada de Lula no Congresso Nacional.