As declarações do governador Romeu Zema contra os carros elétricos foram decisivas para que a Bravo Motor Company (BMC) Brasil Energy optasse por investir R$ 1,27 bilhão na construção da primeira fábrica de baterias de lítio da América Latina em São Sebastião do Passé, na Bahia. Inicialmente, a fábrica seria instalada em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, mas divergências políticas e econômicas redirecionaram o investimento.
A Bravo havia assinado um protocolo de intenções com o Governo de Minas em 2021 para criar o Colossus Cluster, que incluía a produção de veículos elétricos e um investimento total de R$ 25 bilhões. No entanto, a mudança de postura de Zema e suas declarações públicas contra a tecnologia dos carros elétricos foram vistas pela empresa como uma ameaça ao sucesso do empreendimento.
A nova fábrica na Bahia terá uma capacidade de produção de 2 gigawatts-hora por ano e gerará 3,5 mil empregos diretos e 10 mil indiretos. Multinacionais como ABB e Rockwell Automation continuarão como parceiras no projeto. Eduardo Muñoz, diretor da Bravo, explicou que a escolha da Bahia foi estratégica e geopolítica, ressaltando o comprometimento do estado com a economia verde.
Outro fator que influenciou a decisão foi a doação de um terreno de 400 mil m² pela Prefeitura de São Sebastião do Passé, localizado próximo à BR-324, facilitando a conexão com portos e outras rodovias federais. A proximidade com Salvador e Camaçari, onde a chinesa BYD instalará uma fábrica de carros elétricos e híbridos, deve transformar a região em um polo de inovação e sustentabilidade.
Em novembro do ano passado, Zema criticou a indústria de carros elétricos, argumentando que a tecnologia não é ambientalmente correta, defendendo que o carro a etanol é tão sustentável quanto, ou até mais. Até o momento, o governador não se manifestou sobre a desistência da Bravo de investir em Minas Gerais.