Nesta sexta-feira, 27 de setembro, Macaé Evaristo foi empossada como nova ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, sucedendo Silvio Almeida, que deixou o cargo após denúncias de assédio sexual. A cerimônia ocorreu no Palácio do Planalto, em Brasília, com a presença de diversas autoridades, incluindo a primeira-dama, Janja da Silva, e ministras do governo, como Anielle Franco (Igualdade Racial), Cida Gonçalves (Mulheres) e Marina Silva (Meio Ambiente). Embora estivesse presente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) optou por não discursar durante o evento.
Macaé, que foi indicada para o cargo 18 dias antes da posse, usou seu discurso para enfatizar os desafios que assumirá à frente da pasta. A nova ministra destacou a importância de superar o preconceito que envolve o termo “direitos humanos”, muitas vezes associado negativamente a uma defesa de criminosos. Para ela, é essencial desmistificar essa visão e focar na proteção dos direitos básicos e iguais para todos, especialmente para as populações mais vulneráveis.
Ela também reforçou que seu trabalho estará direcionado à luta contra o racismo em todas as suas formas, além de defender políticas voltadas às mulheres negras, empobrecidas e chefes de família, que, segundo a ministra, representam o maior recorte social no Brasil. Para Macaé, esses grupos merecem não apenas políticas de assistência, mas também incentivos que fomentem a autonomia financeira, como o apoio ao empreendedorismo nas favelas e o acesso a financiamentos públicos.
Em suas palavras, a ministra afirmou que sua maior credencial é ser "uma pessoa absolutamente comum", referindo-se à sua origem humilde e sua trajetória como professora e assistente social. Natural de São Gonçalo do Pará, no interior de Minas Gerais, e com forte ligação com Belo Horizonte, onde construiu parte de sua carreira, Macaé ressaltou o papel fundamental das mulheres que a cercam no governo, destacando a importância da sororidade em sua jornada.
Durante o evento, a escritora Conceição Evaristo, prima de Macaé, participou da cerimônia recitando um poema em homenagem à nova ministra, reforçando a conexão cultural e histórica entre as duas.
A nomeação de Macaé Evaristo ocorreu em meio a um escândalo envolvendo seu antecessor, Silvio Almeida, que foi acusado de assédio sexual, com uma das supostas vítimas sendo a própria ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. As denúncias, que foram trazidas a público pelo portal Metrópoles e confirmadas pela organização Me Too Brasil, levaram à demissão de Almeida, que declarou ser inocente e afirmou que sua saída foi necessária para garantir a isenção das investigações.
O presidente Lula agiu rapidamente ao demitir Almeida e nomear Macaé Evaristo, buscando evitar uma crise maior dentro de seu governo. Em declarações anteriores, o presidente afirmou que o caso deveria ser investigado com seriedade, mas que não permitiria que “um erro pessoal prejudicasse o governo”.
Aos 59 anos, Macaé Evaristo tem uma trajetória marcada pela atuação na educação e em causas sociais. Formada em Serviço Social, ela foi a primeira mulher negra a ocupar o cargo de secretária de Educação tanto em Belo Horizonte, entre 2005 e 2012, quanto no estado de Minas Gerais, de 2015 a 2018, durante o governo de Fernando Pimentel. Antes de ser anunciada ministra, Macaé cumpria seu primeiro mandato como deputada estadual em Minas Gerais pelo PT.
Além de sua atuação na educação, Macaé teve um papel relevante na transição do governo Lula, integrando o grupo de trabalho voltado para a área da Educação. Durante o governo Dilma Rousseff, ela também ocupou cargos de destaque no Ministério da Educação, com foco em políticas de alfabetização e inclusão.
Agora, à frente do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo assume a missão de enfrentar o grande desafio de defender os direitos das populações mais vulneráveis e combater as desigualdades que afligem o país, com uma atenção especial à luta contra o racismo estrutural e a promoção da igualdade de gênero e social.