Minas Gerais se consolida na lanterna nacional ao apresentar o pior índice de obras de prevenção a desastres financiadas com recursos federais, com 59% delas paralisadas ou inacabadas. Este dado crítico, divulgado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), recai com particular peso sobre a gestão do governador Romeu Zema, visto que o estado se encontra na iminência do período das chuvas torrenciais, que anualmente causa mortes e destruição. A performance mineira é a mais preocupante do Brasil, superando o Rio de Janeiro, que ocupa o segundo lugar com 48% de projetos pendentes, enquanto a média geral do país é de apenas 37% de obras não concluídas.

A auditoria do TCU, contida no Fiscobras 2025, aponta para uma falha centralizada na execução de obras vitais como contenção de encostas e sistemas de drenagem. A análise sugere que a falta de visão estratégica do governo Zema resultou na ausência de critérios técnicos claros para a seleção dos projetos que recebem aporte federal. Em vez de um planejamento integrado, a escolha parece ser influenciada por programas setoriais ou emendas parlamentares, ignorando a real necessidade de mitigação de riscos em áreas mapeadas como críticas. Este modelo desorganizado e reativo é o que mantém o estado exposto aos danos cíclicos das precipitações intensas.

Além da má gestão na execução física das obras, o relatório evidencia fragilidades institucionais que emperram qualquer avanço efetivo. A capacidade limitada do Serviço Geológico do Brasil (SGB) para mapear áreas de risco se torna um problema maior na ausência de um banco de dados público e centralizado, do qual o governo estadual deveria cobrar e consolidar informações. A constatação de que o estado não possui um sistema robusto para monitorar o impacto real de suas poucas ações preventivas indica que o foco permanece na resposta tardia aos desastres, em vez de investir de forma inteligente e planejada para salvar vidas e patrimônio antes que as chuvas cheguem.