Poços de Caldas, no Sul de Minas Gerais, cidade célebre por suas águas terapêuticas e seu passado de glamour com cassinos, foi um ponto de encontro da elite brasileira nas décadas de trinta e quarenta. Entre os ilustres frequentadores, o então presidente Getúlio Vargas mantinha uma relação especial com o Palace Hotel, onde costumava passar longas temporadas. O apartamento que o recebia, hoje conhecido como o "Quarto do Getúlio", virou um guardião silencioso de histórias e lendas sobre um dos líderes mais influentes da história nacional, mantendo viva a atmosfera da época do Estado Novo. A suíte presidencial, com seus 142 metros quadrados distribuídos em três cômodos — dois quartos, uma sala que funcionava como seu escritório particular e um banheiro —, ainda ostenta móveis originais trazidos do Palácio do Catete, transportando o visitante diretamente ao período em que Vargas governava o país. O espaço, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais em 1984, oferece uma vista privilegiada para o Parque José Afonso Junqueira. As estadias de Vargas se intensificaram a partir de 1937, coincidindo com o tratamento de saúde de sua esposa, Darcy Vargas, nas Termas Antônio Carlos vizinhas. Circulam pelo hotel e pela cidade narrativas fascinantes sobre o uso da suíte. Uma das mais persistentes sugere que Vargas teria mandado replicar seu gabinete do Rio de Janeiro ali, completa com uma porta falsa para simular seu trabalho remoto na capital. Outra história, mais boateira, aponta para encontros secretos com uma suposta amante local, facilitados pela arquitetura interna do hotel daquele tempo. Embora a administração do hotel não confirme tais lendas, elas enriquecem o mistério do quarto, que hoje pode ser alugado por diárias consideráveis ou visitado em roteiros monitorados nos finais de semana, atraindo entusiastas da história brasileira.