A segurança pública em Minas Gerais enfrenta um cenário de crescente complexidade com a Polícia Civil monitorando pelo menos 35 organizações, quadrilhas ou bandos dedicados ao tráfico de drogas no estado. A presença dessas estruturas está diretamente ligada ao aumento dos índices de criminalidade. Em Belo Horizonte, a capital, a situação é ainda mais acentuada com a atuação confirmada de três grandes facções criminosas de projeção nacional, oriundas de outras regiões do país: o Comando Vermelho e o Terceiro Comando Puro, ambos do Rio de Janeiro, e o Primeiro Comando da Capital, de São Paulo. Especialistas indicam que a intensificação da presença dessas organizações de âmbito nacional em Minas Gerais ocorreu significativamente nos últimos cinco anos, embora indícios de sua atuação remontem a cerca de 2010.
Os dados recentes evidenciam a escalada da influência dessas redes. O número de indivíduos presos com vínculos a facções criminosas em Minas Gerais saltou de 1.900 em 2019 para 2.950 apenas no primeiro semestre deste ano, segundo levantamentos da Assembleia Legislativa. Em relação às ocorrências de tráfico de drogas, o estado registrou um aumento de aproximadamente 50% entre os nove primeiros meses de 2024 e o mesmo período de 2025, passando de pouco mais de 20 mil para mais de 30 mil registros. Em Belo Horizonte, o crescimento foi ainda mais expressivo, com uma alta de quase 60% nas ocorrências de tráfico no mesmo comparativo.
Para a polícia, o desafio transcende a mera apreensão de entorpecentes e armamentos. O chefe do Departamento Estadual de Combate ao Narcotráfico aponta que grupos menores locais têm se aliado a essas grandes facções para obter acesso a armamentos avançados e rotas de distribuição mais amplas. A estratégia de combate atual foca também na asfixia financeira dessas organizações por meio do sequestro de bens e bloqueio de valores ilícitos, visando diminuir sua capacidade operacional. A posição geográfica estratégica de Minas Gerais é apontada como um dos grandes atrativos para que essas organizações busquem consolidar seus mercados no território mineiro.
A contenção do avanço criminoso exige, segundo acadêmicos, um redirecionamento no policiamento. Pesquisadores defendem a necessidade de maior investimento em inteligência para mapear divisões internas, pactos ou disputas territoriais entre os grupos. A transição de um modelo baseado no policiamento ostensivo para um mais investigativo é vista como crucial para desmantelar a estrutura das facções de forma sustentável.
