Um caso estarrecedor de homicídios em série no sistema de saúde alemão ganhou um desfecho judicial com a condenação de um enfermeiro por matar dez pacientes idosos em um hospital na cidade de Aachen. O profissional de saúde, cuja identidade não foi revelada, admitiu ter aplicado injeções letais nos pacientes, alegando que o excesso de carga de trabalho motivou seus atos hediondos. A revelação do motivo, uma chocante banalização da vida humana, deixou a nação em profunda perplexidade.
O criminoso foi sentenciado à prisão perpétua no dia 5 de novembro, após ser considerado culpado pelo assassinato de dez pessoas e pela tentativa de homicídio de outras 27. As investigações da promotoria apontaram que ele administrava doses fatais de uma combinação de morfina e midazolam, medicamentos normalmente utilizados em cuidados paliativos para alívio da dor e sedação. A maioria das vítimas era composta por pacientes em estágios avançados de vida e que estavam sob cuidados paliativos.
O período dos crimes, segundo o apurado, estende-se de dezembro de 2023 a maio de 2024. Promotores indicaram que o enfermeiro demonstrava sinais de irritação com aqueles pacientes que requeriam maior atenção e apresentava uma frieza atípica, comportando-se como se tivesse a prerrogativa de decidir sobre a vida e a morte dos internados. O tribunal de Aachen considerou a "culpa de gravidade excepcional" nos atos do réu, um fator que, legalmente, tende a inviabilizar sua liberdade antecipada, mesmo que a lei do país preveja uma possível revisão da pena após quinze anos de reclusão.
O condenado, que exercia a profissão no hospital desde 2020, ainda está sob a mira das autoridades, que não descartam a possibilidade de novas vítimas. As autoridades de Aachen anunciaram a realização de novas exumações para verificar a existência de outras mortes suspeitas que possam estar ligadas ao enfermeiro. Caso mais crimes sejam confirmados, ele poderá ser submetido a novos processos. Este caso, que já permite o recurso da defesa, traz à tona um debate doloroso na Alemanha sobre a segurança no ambiente hospitalar, lembrando o episódio de Niels Hoegel, outro ex-enfermeiro condenado por um número muito maior de assassinatos em hospitais do país.
