O Congresso Nacional se movimenta nos bastidores em busca de uma verba extra de fim de ano, que vem sendo apelidada nos corredores de Brasília de “emenda panetone”. A articulação envolve deputados e senadores em negociação com o governo federal para a liberação de 3 mil reais por parlamentar. Embora seja uma prática não prevista formalmente, este tipo de 'agrado natalino' reaparece todos os anos nas proximidades do recesso, tornando-se uma espécie de tradição silenciosa no Legislativo.
A negociação ocorre em meio à votação do Orçamento de 2026 e coloca em evidência o constante atrito entre a postura de responsabilidade fiscal defendida pelo Palácio do Planalto e a demanda financeira do Congresso. Mesmo com o controle de um volume recorde de cerca de R$ 50 bilhões em emendas parlamentares em 2025, a cúpula do Legislativo pressiona por este adicional orçamentário. O arranjo foi confirmado por diversos parlamentares, incluindo membros do PT, partido que está à frente da Secretaria de Relações Institucionais, mas a regra é a discrição: ninguém se manifesta publicamente sobre o tema.
O ponto de impasse atual é de onde o dinheiro será remanejado. O governo sugere que a verba saia das emendas de comissão, que teoricamente deveriam ter critérios técnicos. No entanto, os congressistas preferem que o montante seja retirado da rubrica RP2, conhecida como orçamento de execução discreta e utilizada frequentemente para acertos e acomodações políticas de difícil rastreamento. Apesar de a ministra Gleisi Hoffmann ter emitido uma nota classificando as informações como inconsistentes, a articulação nos bastidores é dada como certa na capital federal. O tema deve ser um dos focos de pressão na Comissão Mista de Orçamento, onde cortes e remanejamentos finais são definidos antes da votação derradeira do Orçamento.
