O governador Romeu Zema (Novo) foi formalmente convocado a depor na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga um esquema de desvios e fraudes em aposentadorias do INSS. A medida foi motivada pela participação de sua empresa familiar, a Zema Financeira, em uma operação polêmica de empréstimos consignados. A empresa obteve autorização privilegiada do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para conceder consignados sobre os valores do Benefício de Prestação Continuada (BPC) e do Auxílio Brasil, que agora voltou a ser chamado de Bolsa Família, atingindo diretamente a população mais vulnerável.
O pedido de convocação partiu do deputado Rogério Correia (PT-MG), que levantou suspeitas sobre a autorização concedida, uma vez que apenas 12 instituições financeiras foram beneficiadas pela medida, entre elas a Zema Financeira. O parlamentar argumenta que, apesar de Zema alegar ter se afastado da administração da Zema Crédito, Financiamento e Investimento S.A. desde 2018, o governador ainda detém uma parcela significativa de 16,41% das ações da empresa. Correia destacou que a Zema Financeira recebeu a tarefa de realizar consignados para os beneficiários mais pobres de Minas Gerais "exatamente na data de 2018 que ele saiu da financeira".
Em sua defesa, o governador de Minas Gerais encaminhou um ofício à CPMI, no qual tentou se desvincular do caso, afirmando não ter mais conhecimento das atividades da companhia e classificando sua convocação como um ato com "nítido e incontornável propósito político eleitoral". Contudo, a oposição e até mesmo o partido Novo votaram pela sua convocação em Brasília. A CPMI iniciou seus trabalhos com o objetivo de apurar a ocorrência de descontos associativos irregulares e, principalmente, empréstimos consignados fraudulentos que têm lesado milhares de beneficiários do INSS. A Zema Financeira está agora no centro das investigações por sua atuação junto aos beneficiários de baixa renda.
