A Assembleia Legislativa de Minas Gerais aprovou o projeto que autoriza a privatização da Companhia de Saneamento de Minas Gerais, a Copasa, após uma série de discussões intensas no Palácio Tiradentes. A medida, impulsionada pelo governo estadual, retira a necessidade de um referendo popular para a venda da estatal, o que gerou fortes críticas de parlamentares da oposição e de entidades civis. O principal argumento do Executivo é a necessidade de investimentos imediatos para a universalização do saneamento e a reorganização das contas públicas estaduais.
Especialistas e parlamentares contrários à venda alertam para o risco real de aumento nas contas de água e esgoto, além da possível queda na qualidade dos serviços prestados à população. Estudos apresentados durante as audiências públicas indicam que modelos similares de privatização em outros estados resultaram em tarifas mais elevadas e dificuldades no atendimento a regiões periféricas e cidades de menor porte, onde o lucro operacional é reduzido. Existe ainda um receio quanto ao passivo trabalhista da empresa, estimado em bilhões de reais, que pode impactar os cofres públicos caso não seja assumido integralmente pelo futuro comprador.
Enquanto o processo de desestatização avança, moradores de Belo Horizonte e de várias cidades do interior continuam relatando problemas crônicos de abastecimento. Registros recentes apontam interrupções constantes no fornecimento de água devido a manutenções emergenciais e falhas operacionais, o que aumenta a desconfiança dos consumidores sobre a capacidade de gestão do sistema. A expectativa agora gira em torno dos editais de venda e de como os contratos com os municípios mineiros serão repactuados diante da nova realidade do mercado de saneamento no estado.
