A comissão especial da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) deu um passo significativo ao aprovar, na noite de terça-feira, um parecer favorável à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Referendo, deixando o texto pronto para a votação em segundo turno no Plenário. Contudo, o andamento da proposta foi marcado por uma alteração de última hora promovida pela base governista, que gerou reações contrastantes entre os deputados.
Em uma manobra que configura um recuo da administração estadual, foi aprovada uma emenda apresentada pelo líder de governo, deputado João Magalhães, retirando a Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig) da obrigatoriedade de dispensa de referendo popular para desestatização. Com isso, a proposta volta a focar exclusivamente na Companhia de Saneamento (Copasa), desobrigando a necessidade de consulta popular apenas para sua alienação. O líder justificou a mudança alegando a "necessidade de concentrar esforços no tema central da PEC — o enquadramento da Copasa no contexto do Propag e sua relevância para a sustentabilidade da dívida de Minas".
Essa decisão gerou forte crítica da oposição. A deputada Bella Gonçalves, única representante da ala contrária na comissão, retirou-se do debate antes da votação em protesto. Em linha semelhante, a deputada Beatriz Cerqueira condenou a postura do governo, acusando a base de demonstrar "desrespeito com a população, com o patrimônio do povo mineiro, com esse vai e volta sem o menor pudor". A PEC original, enviada por Romeu Zema em agosto de 2023, buscava revogar quórum qualificado e referendo popular para diversas desestatizações, incluindo Cemig, mas foi sendo modificada nas discussões internas. O objetivo principal do governo com a desestatização da Copasa é utilizar os recursos para abater parte da dívida do estado com a União, estimada em R$ 173,8 bilhões, como parte das exigências do Programa de Pleno Pagamento das Dívidas dos Estados (Propag). A expectativa agora se volta para a votação definitiva em Plenário nos próximos dias.
