O debate sobre as regras para a entrada de turistas nos Estados Unidos ganhou destaque após o caso de um norueguês que, segundo ele, foi impedido de ingressar no país por conta de um meme em seu celular, além de ter sido ameaçado com multa e prisão caso não fornecesse a senha do dispositivo. Embora o Departamento de Segurança Interna alegue que o viajante foi barrado por ter admitido o uso de drogas, a situação levantou questionamentos sobre as políticas de monitoramento de mídias sociais para quem busca visitar o território norte-americano durante o governo Trump.
Especialistas consultadas afirmam que as exigências incluem a abertura de perfis em redes sociais e a disponibilização de todos os nomes de usuário utilizados pelos viajantes nos últimos cinco anos. Apesar de o Consulado Geral dos Estados Unidos afirmar que as regras de checagem se aplicam apenas a solicitantes de vistos de estudantes, as professoras discordam e alegam que, na prática, o governo verifica as mídias de todos que tentam entrar no país. Essa fiscalização, segundo as especialistas, busca monitorar o que turistas e estudantes publicam a respeito do governo, verificando se há críticas políticas, ataques ou algo que possa afetar a segurança nacional.
A política de coleta e monitoramento de dados não é uma novidade nos EUA, tendo se tornado uma prática recorrente e legalmente viabilizada após o ataque às Torres Gêmeas em 2001, e foi estendida durante a gestão de Barack Obama. No contexto atual, a justificativa oficial de combate ao terrorismo soma-se à de combate ao antissemitismo e à imigração ilegal. Contudo, a Customs and Border Protection (CBP), responsável pela proteção da fronteira, pode fiscalizar dispositivos eletrônicos, clonar dados biométricos e cancelar vistos por expressão política, buscando opositores de Israel ou do próprio governo Trump. As políticas migratórias, implementadas em ambos os mandatos de Trump, combinam agora uma abordagem de restrições a grupos específicos com um aprofundamento de dispositivos que exercem maior controle e vigilância.
Para turistas, as medidas não são específicas aos brasileiros, mas os afetam, especialmente com casos recentes de deportação. O conselho das especialistas é que os viajantes listem todos os nomes de usuário das redes sociais dos últimos cinco anos, revisem o histórico do celular em busca de críticas aos mandatos de Trump e evitem publicações de posicionamentos políticos ou temas internacionais antes da viagem. É recomendado, ainda, limpar o dispositivo de mídias que possam ser consideradas ofensivas e, em caso de imprevisto, acionar a Embaixada do Brasil em Washington D.C. ou o consulado mais próximo do local de entrada nos Estados Unidos.
