A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), mergulhada em uma crise econômico-financeira sem precedentes, conseguiu aprovar um empréstimo emergencial no valor de R$ 20 bilhões. Contudo, a operação é vista com grande alarme, pois conta com a garantia incondicional do Tesouro Nacional e da União, transferindo o risco de insolvência da estatal diretamente para os ombros do cidadão. O custo oficial do crédito permanece em sigilo, o que levanta graves questionamentos sobre a transparência da negociação e, principalmente, sobre o real impacto que o aval da União terá no bolso do contribuinte, que se torna o fiador forçado da dívida de uma empresa já deficitária.
O maior ponto de preocupação reside na taxa de juros, considerada excessivamente alta. Embora o Comitê de Garantias do Tesouro Nacional utilize um limite de 120% do CDI para operações elegíveis à garantia da União, há fortes indícios de que o governo está disposto a ignorar essa regra. Fontes internas sugerem que a taxa pode se aproximar de 136% do CDI, o que exigiria uma controversa alteração regulatória para que a União possa avalizar o empréstimo, elevando o risco de calote para patamares ainda maiores. Essa flexibilização das normas, com o dinheiro público em risco, apenas reforça a perspectiva de que a conta será paga pela sociedade.
A fragilidade da ECT é comprovada pelo prejuízo acumulado de R$ 6 bilhões apenas até setembro do ano corrente. Em um reflexo da profunda instabilidade, a estatal já sinaliza o adiamento da convocação de novos aprovados no concurso de 2024 para 2027. A concessão do empréstimo bilionário, apesar de ser um fôlego momentâneo, representa uma sobrecarga insustentável para o erário, que se compromete a cobrir um crédito de alto risco. Ao assumir a garantia, o governo coloca o dinheiro arrecadado dos impostos na linha de frente, transformando a tentativa de salvação da empresa em um potencial e custoso prejuízo futuro para toda a população.
