Um queijo de Minas Gerais surpreendeu o júri internacional e levou a medalha de ouro no prestigiado Mondial du Fromage, amplamente conhecido como o "Oscar do Queijo", realizado em Tours, na França. O produto em questão é o Camponês Carrara, feito com leite de cabra da raça Saanen, açaí e beterraba, e produzido em uma pequena propriedade rural em Barbacena, na região do Campo das Vertentes. O queijo competiu com cerca de 2 mil amostras de 26 países e alcançou uma das maiores notas do concurso, 96 pontos em 100, validando o potencial da queijaria artesanal brasileira.
O produtor Edson Cardoso, responsável pela propriedade onde vivem aproximadamente 196 cabras, celebrou o reconhecimento. Ele enfatiza que o estudo, o planejamento, o investimento em técnicas e a qualidade na alimentação são fundamentais, mas é o amor pelo trabalho que realmente faz a diferença na qualidade do produto final. A queijeira Samantha Kahena explica que a ideia de adicionar açaí e beterraba surgiu do desejo de unir a tradição da queijaria com elementos da identidade brasileira, conferindo ao queijo uma coloração marcante que remete ao mármore Carrara. O processo de maturação, que leva cerca de três meses, utiliza esses ingredientes para realçar o sabor e o visual.
O Camponês Carrara é um queijo de massa semi-dura e semi-cozida, com um tempo de maturação que pode chegar a 45 dias. Quanto mais maturado, mais pronunciado fica o sabor do açaí, mas também pode ser consumido mais jovem, com um toque mais sutil do fruto. A produção na fazenda envolve a ordenha de cerca de 120 litros de leite por dia, que são utilizados na fabricação de mais de 15 produtos artesanais. Esta premiação na Europa é vista como uma importante validação para os queijos de cabra brasileiros, que ainda buscam maior espaço nas prateleiras nacionais, mas já são altamente valorizados no exterior. A propriedade de Barbacena já acumula mais de 40 prêmios nacionais e internacionais, e neste mesmo concurso, o doce de leite de cabra também foi agraciado com medalha de bronze.