A Polícia Civil do Rio de Janeiro iniciou um inquérito para apurar indícios de manipulação de provas após uma grande operação no Complexo da Penha, que resultou em 119 mortes e 113 prisões. A suspeita central é de que indivíduos, possivelmente moradores ou ligados ao Comando Vermelho, teriam retirado os corpos de áreas de mata, despidos das vestimentas táticas e coletes balísticos, e os realocado em um local público, a Praça São Lucas. O objetivo, conforme a investigação preliminar, seria forçar uma narrativa de que as vítimas seriam civis, atribuindo supostos abusos de autoridade às forças de segurança que participaram do confronto.

Registros em vídeo coletados pelas próprias forças de segurança durante a ação corroboram a tese de que os indivíduos estavam armados e com trajes de combate momentos antes dos tiroteios. O secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, destacou a evidência em vídeo que mostrava os suspeitos com roupas camufladas e armamentos pesados, contrastando com o estado em que os corpos foram encontrados posteriormente, em trajes íntimos. Essa discrepância levou à abertura de um procedimento na 22ª Delegacia de Polícia (Penha) para investigar a conduta dos envolvidos na remoção e exposição dos cadáveres, configurando uma possível tentativa de obstrução de justiça e adulteração de provas.

A operação, denominada Contenção, foi uma ação planejada ao longo de dois meses, visando cumprir mandados de prisão contra lideranças do narcotráfico. As autoridades apreenderam um volume significativo de armamento, incluindo 91 fuzis e 26 pistolas, além de grande quantidade de drogas. Segundo o secretário de Segurança Pública, Victor Santos, a confrontação na mata era uma etapa estratégica para resguardar a população das áreas mais povoadas do complexo, mesmo reconhecendo que uma alta letalidade era uma consequência previsível, embora não desejada, do combate ao crime organizado na região.