Uma professora de Divinópolis, Julieta de Souza, encontrou na literatura uma forma sensível de abordar um tema delicado: o luto infantil. A iniciativa surgiu de uma dor pessoal, após a perda de sua prima de apenas 3 anos, Clara, em 2011, vítima de uma pneumonia bacteriana. O que começou como um texto de consolo se transformou em uma ferramenta de acolhimento para inúmeras crianças.
A origem do livro "Clara Flor" remonta a um pedido feito pelos pais da menina dias após seu falecimento. Eles pediram a Julieta que escrevesse algo para explicar aos colegas de Clara, na cidade de Carmo do Cajuru, o motivo pelo qual ela não voltaria mais para a escola. Julieta, que é professora de Língua Portuguesa, usou sua paixão pelas palavras para criar uma metáfora em versos, associando a menina, que adorava brincar entre as flores, a esse universo.
O texto emocionou a família e os colegas de Clara, e os pais da menina decidiram transformar aquelas palavras em um livro para ajudar outras crianças a compreenderem a complexidade da perda. Assim nasceu a obra, que marcou a estreia literária de Julieta. A repercussão foi imediata e surpreendente, com crianças que ouviam a história começando a compartilhar suas próprias experiências de luto, como a morte de avós ou animais de estimação.
Com o tempo, "Clara Flor" ultrapassou os muros da escola de Carmo do Cajuru e passou a ser adotado em diversas instituições de Divinópolis e cidades vizinhas. A primeira edição esgotou-se, consolidando o livro como uma referência sobre o tema. Para a autora, o processo de escrita foi também uma forma de elaborar a própria dor, transformando o sofrimento em algo que pudesse acolher outras pessoas e reafirmando o poder que as palavras têm de curar e conectar.
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