O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, determinou nesta quinta-feira a reabertura do inquérito que apura a suposta interferência do ex-presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal durante sua gestão. A decisão atende a um pedido da Procuradoria-Geral da República, que solicitou a retomada das investigações no dia anterior.

A PGR, sob o comando do atual procurador-geral, Paulo Gonet, argumenta que é necessário verificar com maior amplitude se, de fato, ocorreram interferências ou tentativas de interferências nas investigações, citadas nos diálogos e no depoimento do ex-ministro Sergio Moro, "mediante o uso da estrutura do Estado e a obtenção clandestina de dados sensíveis". Além disso, o órgão defende que a PF avalie se existe conexão entre os fatos apontados por Moro e as apurações sobre organização criminosa responsável por ataques sistemáticos a autoridades e instituições, envolvendo a obtenção clandestina de dados sensíveis e o uso de estruturas como a Agência Brasileira de Inteligência e o Gabinete de Segurança Institucional.

A investigação teve início em 2020, após o então ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, deixar o governo e alegar que o ex-presidente tentava interferir politicamente no trabalho da Polícia Federal e em inquéritos relacionados a familiares. Na época, Bolsonaro negou as acusações e acusou o ex-auxiliar de denunciação caluniosa. O inquérito original foi encerrado pela PF, que concluiu não haver indícios de crimes, e posteriormente foi pedido o arquivamento pelo então procurador-geral Augusto Aras. Agora, Moraes, que é o relator, concedeu 15 dias para que a PGR se manifeste sobre os novos rumos do caso.