Vinte e um parlamentares mineiros, representando 10 partidos de diferentes espectros políticos — esquerda, direita e centro —, destinaram, desde 2023, um total de R$ 9,8 milhões em "emendas Pix" para o pagamento de shows musicais em municípios do estado. Essas emendas, que teoricamente são enviadas às cidades sem destinação pré-definida, têm sido utilizadas para financiar apresentações de cantores em diversas regiões. Embora o prefeito seja, em tese, quem decide a área de aplicação da verba federal, deputados e senadores costumam usar esses recursos para agradar suas bases eleitorais, sendo comum um acordo prévio para o uso do dinheiro. O acompanhamento do destino dessa verba é, então, responsabilidade do gabinete do parlamentar.
O cruzamento de informações realizado pelo Núcleo de Dados do Estado de Minas demonstra que o acordo entre parlamentar e prefeito é uma prática frequente. Em muitos casos, os políticos chegam a financiar mais de um show na mesma cidade em anos consecutivos, reforçando a estratégia de aplicação das emendas para fins eleitorais e de visibilidade regional.
Entre os congressistas que mais destinaram recursos para esse fim estão:
Paulo Guedes (PT): R$ 1.797.550,00 para 12 shows
André Janones (Avante): R$ 1.750.000,00 para 4 shows
Luis Tibé (Avante): R$ 1.052.996,75 para 9 shows
Carlos Viana (Podemos): R$ 702.500,00 para 6 shows
Bruno Farias (Avante): R$ 680.000,00 para 6 shows
Mário Heringer (PDT): R$ 600.000,00 para 2 shows
Paulo Abi-Ackel (PSDB): R$ 485.000,00 para 3 shows
Igor Timo (PSD): R$ 416.000,00 para 3 shows
Lafayette Andrada (Republicanos): R$ 349.200,00 para 3 shows
Reginaldo Lopes (PT): R$ 297.000,00 para 2 shows
Esses dez nomes, que juntos totalizam uma parte significativa do valor total, reforçam o uso das emendas parlamentares para o financiamento de eventos culturais nos municípios mineiros, prática que visa fortalecer a relação com as bases eleitorais.