Novas evidências apontam para um esquema envolvendo chefes de órgãos de preservação do patrimônio histórico em Minas Gerais com o objetivo de reverter o tombamento da Serra da Piedade, em Caeté, e assim liberar a área para exploração minerária. As informações constam em um relatório sigiloso produzido pela Polícia Federal, resultado da análise de mensagens de celular da ex-superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no estado, investigada na Operação Rejeito. O documento detalha contatos e a intermediação de reuniões entre a ex-superintendente, empresários e servidores públicos estaduais, ocorridos entre 2023 e 2025, para discutir a viabilidade da proposta.

As conversas analisadas pela PF revelam o envolvimento de figuras como o então presidente do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG) e outros interlocutores. A ex-superintendente do Iphan-MG teria solicitado diretamente informações e recebido documentos internos sobre o processo de tombamento e sobre os pedidos de destombamento da Serra da Piedade. Além disso, o relatório confirma a realização de um encontro oficial na sede do Iepha, em julho de 2025, que tratou explicitamente da área de Caeté e contou com a presença da investigada e de outros citados no esquema.

A investigação sugere que a movimentação em torno do destombamento estaria ligada a um possível interesse econômico direto, uma vez que as empresas envolvidas mantêm projetos minerários que se sobrepõem à área de proteção. O novo relatório da PF se insere no contexto da Operação Rejeito, que apura fraudes em licitações e autorizações ambientais no setor de mineração em Minas. A Serra da Piedade é um importante patrimônio cultural e ambiental, protegida pelo Iphan e pelo governo estadual, abrigando o Santuário de Nossa Senhora da Piedade, padroeira de Minas, e reconhecida como Monumento Natural Estadual.