Apesar da recente prorrogação dos prazos do Programa de Parcerias de Investimentos (Propag) pelo governo federal, o governo Zema acelera a tramitação de medidas na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) visando a privatização da Copasa. A peça central desta ofensiva, e a de maior complexidade política, é a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 24/23 – conhecida como "PEC do Referendo" –, que tem como objetivo suprimir a exigência constitucional de consulta popular prévia para a venda da companhia. Esta manobra é vista como uma tentativa de contornar a vontade popular e facilitar a venda da empresa de saneamento.
O governador Romeu Zema, cuja intenção de privatizar Copasa e Cemig é notória, utiliza o novo impulso do Propag para viabilizar a venda da primeira. A Cemig, por outro lado, encontra maior resistência na ALMG, amplificada pelo declarado interesse do governo federal na sua federalização. A urgência em aprovar a PEC é percebida pela oposição como um movimento para evitar o desgaste político e o risco de derrota em um referendo, sinalizando a fragilidade do apoio popular ao projeto de desestatização.
Em resposta a essa articulação, a oposição na Assembleia se prepara para utilizar todas as ferramentas regimentais para obstruir a votação das matérias. Simultaneamente, o cenário se inflama com a mobilização sindical. Os servidores da Copasa entrarão em greve nos dias 21 a 23 de outubro. Sindicatos como o Sindieletro e o Sindágua intensificam a mobilização contra as privatizações, organizando audiências públicas na Câmara Municipal de Belo Horizonte e na região Norte do estado, em um claro sinal de que a venda da Copasa enfrentará forte resistência nas ruas e no plenário.