O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, orientou sua equipe a ajustar a comunicação a respeito da recente megaoperação realizada no Rio de Janeiro, sugerindo a moderação no tom e o distanciamento de uma postura de confronto direto com o governador Cláudio Castro. Essa diretriz resultou na articulação entre o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, e o governador do Rio, para a criação de um escritório de caráter emergencial focado no combate ao crime organizado. A decisão visa conciliar a necessidade de o governo federal ser percebido como firme contra o tráfico, especialmente após falas polêmicas do próprio presidente, com a importância de manter a colaboração institucional, alinhada com o espírito de ação unificada previsto na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública.

Em um esforço para demonstrar a nova linha discursiva, o presidente Lula utilizou suas redes sociais para emitir uma mensagem que condenava enfaticamente o crime organizado e apoiava as famílias, ao mesmo tempo em que defendia um planejamento cauteloso nas ações policiais. Sua postagem enfatizou a necessidade de um trabalho coordenado que atinja a estrutura do tráfico, colocando a segurança de policiais, crianças e cidadãos inocentes como prioridade, buscando mitigar a percepção de que o governo seria avesso ao apoio às forças de segurança. Essa cautela reflete o reconhecimento interno, inclusive por parte da liderança do PT, sobre as complexidades do tema segurança pública, onde a defesa dos direitos humanos pode, por vezes, ser mal interpretada como leniência com a criminalidade.

Paralelamente, a máquina de comunicação do governo federal lançou um vídeo oficial que, embora defendesse o combate ao crime organizado com inteligência e a unificação das forças de segurança, também teceu críticas sutis à tática de confrontos diretos. A peça audiovisual reconheceu a indignação popular, mas alertou que operações com alto número de mortes, como a ocorrida no Rio, colocam inocentes em risco e não resolvem o problema estrutural do tráfico. A mensagem final da comunicação federal é clara: o foco deve estar em desmantelar a liderança e a organização dos grupos criminosos, o "cérebro e o coração" do sistema, em vez de se concentrar apenas nas baixas operacionais.