O governo de Minas Gerais está no centro de um escândalo de corrupção sistêmica que atingiu o setor de mineração e órgãos de fiscalização estaduais e federais, como a Agência Nacional de Mineração. A Justiça Federal determinou o bloqueio de mais de R$ 1 bilhão em bens e valores de 61 investigados, mas a medida encontrou apenas R$ 27 milhões nas contas dos suspeitos. O valor irrisório contrasta com a cifra de R$ 1,5 bilhão movimentada pelo grupo nos últimos anos, conforme aponta a Operação Rejeito, deflagrada em setembro.

A investigação revelou uma complexa teia criminosa montada para obter autorizações e licenças ambientais de forma ilícita, mediante pagamento de propinas a servidores públicos. O empresário Alan Cavalcante, apontado como o líder do esquema, possuía apenas R$ 20,7 mil em suas contas, apesar de ter recebido mais de R$ 225 milhões de empresas envolvidas no esquema entre dezembro de 2019 e dezembro de 2024. A apuração indica que diversas companhias eram usadas como "contas de passagem", sendo que dez delas já tinham saldo zerado no momento das buscas.

A Justiça Federal em Minas Gerais apontou a existência de indícios de "corrupção sistêmica" na administração pública, com envolvimento de dois diretores da ANM e de servidores públicos de órgãos ambientais, que foram afastados. O governador Romeu Zema afirmou, após a operação, que sua gestão prestava apoio às investigações e que já havia suspeitas por parte da Controladoria-Geral do Estado. O caso, que teve menção ao nome do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), foi remetido ao Supremo Tribunal Federal para análise.