Quase R$ 30 milhões dos recursos destinados aos hospitais da rede pública em Minas Gerais foram utilizados exclusivamente para o atendimento de vítimas de acidentes envolvendo motociclistas em 2024. O valor, referente aos custos com internações e tratamentos hospitalares, corresponde a mais da metade de todo o montante desembolsado pelo sistema de saúde no estado para tratar vítimas de trânsito no período. No ranking da região Sudeste, Minas Gerais aparece com o segundo maior gasto absoluto nessa categoria, evidenciando o peso financeiro e operacional que os sinistros sobre duas rodas exercem nas contas públicas.

O cenário reflete o crescimento da frota de veículos e a alta incidência de colisões e quedas nas vias mineiras. De janeiro a outubro deste ano, foram registrados milhares de acidentes envolvendo motocicletas no estado, resultando em mais de 50 mil vítimas e superando a marca de 800 óbitos. O aumento do número de motocicletas em circulação, que cresceu mais de 5% em relação ao ano anterior, acompanha uma tendência histórica preocupante: a participação das motos nas mortes no trânsito saltou de índices inexpressivos no final da década de 1990 para quase 40% em 2023.

A sobrecarga é sentida diretamente nas unidades de urgência e emergência, como o Hospital João XXIII, em Belo Horizonte, que é referência no atendimento de grandes traumas. As motocicletas concentram aproximadamente 60% das internações por acidentes de transporte terrestre, demandando tratamentos longos e de alta complexidade. O perfil dos pacientes atendidos é majoritariamente jovem, apresentando frequentemente quadros de fraturas expostas e traumas múltiplos em diversas partes do corpo, o que exige recursos intensivos e equipes especializadas para a recuperação, pressionando a capacidade da infraestrutura hospitalar.