Um terreno de aproximadamente vinte mil metros quadrados, de propriedade da mineradora Vale em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, transformou-se no epicentro de uma complexa disputa judicial e ambiental. A área, que antes de 2024 era marcada por vegetação preservada, exibe agora sinais claros de intervenção, com obras irregulares, o surgimento de um muro, barracão e instalação de um padrão de energia elétrica. O indivíduo que alega posse do local, Diusley Teixeira da Silva, moveu uma ação de usucapião de imóvel rural, afirmando estar na posse da área há treze anos sem oposição, e nega veementemente a ocorrência de desmatamento, classificando as alterações como meras "limpezas pontuais".
O cenário se agrava com a confirmação de que o terreno se localiza majoritariamente dentro dos limites da Estação Ecológica de Fechos, uma unidade de conservação integral administrada por órgãos estaduais e responsável pela captação de água que atende uma parcela significativa da população de Belo Horizonte e da própria Nova Lima. Apesar de imagens de satélite evidenciarem a devastação da vegetação que ocorreu no final do ano passado, a situação ganhou um contorno administrativo paralelo: a prefeitura concedeu um alvará de funcionamento para uma empresa de logística ligada à família do ocupante. Contudo, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente esclareceu que tal alvará não substitui a necessária liberação ambiental, configurando a intervenção como crime ambiental, o que levou ao embargo da obra e à aplicação de multas à Vale, proprietária oficial.
O Ministério Público Estadual já instaurou um inquérito civil para investigar possíveis falhas administrativas e ambientais, incluindo a validade da concessão dos alvarás e a fiscalização do uso indevido da área adjacente, onde o Parque Natural Municipal dos Fechos, criado para proteger a estação ecológica, tem sido utilizado informalmente como depósito de entulho. A mineradora, por sua vez, notificou que está tomando as medidas legais para reaver sua propriedade, enquanto a família alega estar agindo dentro da legalidade em relação à posse. A tensão sobre a preservação do recurso hídrico e do ecossistema local permanece alta, exigindo um posicionamento definitivo das esferas municipal e estadual sobre a situação jurídica e ambiental do local em Nova Lima.
 
        
     
            