A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de ordenar a prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro neste sábado, gerou uma forte e imediata reação da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil. Em comunicado divulgado em uma rede social, o órgão diplomático condenou a medida e classificou Moraes como um “violador de direitos humanos sancionado”, intensificando o debate político em curso. O texto expressou profunda preocupação dos Estados Unidos diante do que chamaram de um novo “ataque ao Estado de Direito e à estabilidade política no Brasil”, alegando que o ministro estaria expondo o STF a “vergonha e descrédito internacional” ao politizar o processo.

A representação diplomática norte-americana dirigiu críticas específicas à transferência de Bolsonaro para uma cela da Superintendência da Polícia Federal em Brasília. A embaixada classificou essa mudança como “provocativa e desnecessária”, uma vez que o ex-presidente já se encontrava em prisão domiciliar desde agosto, por ordem do próprio ministro do STF. O comunicado afirmou que a alteração no regime de cumprimento da medida cautelar carecia de uma justificativa plausível e alertou que “não há nada mais perigoso para a democracia do que um juiz que não reconhece limites para seu poder”. A posição da embaixada praticamente repetiu, em língua portuguesa, o teor das críticas que já haviam sido feitas horas antes pelo subsecretário de Estado dos EUA, Christopher Landau, conferindo um peso oficial à desaprovação do governo norte-americano.

A manifestação da Embaixada dos EUA se soma a outras expressões de descontentamento internacional. O ex-presidente norte-americano Donald Trump classificou o caso como “uma pena”. Além disso, figuras próximas a Trump, como o conselheiro Jason Miller e o advogado Martin De Luca, que representa plataformas em um processo contra Moraes na Flórida, também emitiram declarações duras, descrevendo a prisão como um “insulto” às autoridades americanas e acusando o ministro de ter escalado o que chamaram de “caça às bruxas”. Bolsonaro foi detido na manhã de sábado por agentes da Polícia Federal na capital federal após um pedido que mencionava, entre outros pontos, a violação da tornozeleira eletrônica, que o ex-presidente reconheceu ter danificado, alegando ter agido por “curiosidade” em um episódio que seus aliados descreveram como um “surto”.